A PRÉ-HISTÓRIA DE SANTA CÂNDIDA – Parte II

A POLÍTICA DE IMIGRAÇÃO NA PROVÍNCIA DO PARANÁ

A PRÉ-HISTÓRIA DE SANTA CÂNDIDA – Parte II

 

No Paraná, desde meados do século XIX, a política imigracionista foi colocada em destaque pelos seus responsáveis políticos. Ganhando ainda mais força após sua emancipação da província paulista em 1853. Basta uma breve análise nos relatórios dos presidentes da província para que se constate isso.

Relatório do presidente da província do Paraná, Francisco Liberato de Mattos, na abertura da Assemblea Legislativa Provincial em 7 de janeiro de 1858. Curityba, Typ. Paranaense de C. Martins Lopes, 1858.   http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/620/000039.html

Relatório do presidente da província do Paraná, Francisco Liberato de Mattos, na abertura da Assemblea Legislativa Provincial em 7 de janeiro de 1858. Curityba, Typ. Paranaense de C. Martins Lopes, 1858, p. 35.
http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/620/000039.html

 “É este um dos assumptos que na actualidade mais prende a atenção do governo imperial e de todos aquelles que pensam no futuro que está reservado ao nosso paiz. Povoar os nossos immensos e desconhecidos territórios, levar a vida aos sertões onde a açção dos séculos amontoou thesouros de rara valia, e que ali fazem entregues ao esquecimento, eis o grande pensamento em que se fundaram todas as aspirações dos brazileiros” (ABRANCHES, 1875, p. 21).

A jovem província tem sua economia baseada na criação de gado nos campos gerais, nas suas invernadas que engordavam o gado proveniente do Rio Grande do Sul e Corrientes, e na indústria extrativista do mate, em franco desenvolvimento.  Pela própria exigência dessa economia, os paranaenses se condicionaram a hábitos nômades, dando-se muito bem na profissão de criadores, tropeiros e comerciantes (mascates). É importante ressaltar que os habitantes do planalto curitibano empenhavam-se no cultivo da erva-mate, deixando assim uma lacuna na produção de alimentos agrícolas que torna a província dependente de outras e ate mesmo consumidora de produtos importados.

 “ …repugnante a grande massa de nossa população. O homem que se aluga por 12 ou 15$000 rs por mês para tanger uma tropa, não aceita com gosto um patacão por dia para roçar. Daí provem que as plantações mal excedem as forças do consumo pessoal do nosso agricultor (….) (CÂMARA. 1860, s/p)

As grandes lavouras brasileiras exigiam muito empenho e dependiam praticamente da mão-de-obra escrava, que por sua vez, tornava-se cada vez mais escassa por conta da proibição do tráfico de escravos.

 

“O fator imediato e concreto era constituído pela grande pressão da demanda de braço cativo para a cafeicultura, com a consequente mobilização da escravaria em direção, principalmente, às fazendas paulistas (NADALIN, 2001, p. 71).

Assim, os escravos, que já eram em baixo número na província, em alguns casos, acabaram sendo revendidos para os grandes cafeicultores, o que “veio a agravar os problemas relativos ao sistema de abastecimento de gêneros alimentícios” (Id., 2001, p. 71).

Esses, entre outros fatores, levaram os produtos de subsistência, como o feijão, o arroz e a farinha de mandioca, a uma inflação galopante.

Carlos Perret Gentil, fundador e diretor da colônia particular de Superagui, ao norte da baia de Paranaguá, informa que, a partir de 1852, os preços dos gêneros alimentícios chegaram a subir “numa proporção de 200%” (GENTIL, 1858, s/p).

Nesse contexto de mão-de-obra escassa, falta de gêneros alimentícios de primeira necessidade, o incentivo à imigração de europeus em prol do trabalho braçal foi tido como um dos pilares para a criação de uma agricultura de abastecimento e subsistência. Já no ano de 1855, uma lei foi posta em vigor na província paranaense. Segundo ela, o governo ficaria, desde então, autorizado a promover a imigração de estrangeiros.

 

REFERÊNCIAS

Fontes Principais

POLINARSKI, Flaviane da Silva. A representação sobre a imigração nos discursos de Adolpho Lamenha Lins (1875-1877). Curitiba: Licenciatura e Bacharelado em História – UFPR, 2008.  [Monografia]

BOLETIM.  Informativo da Casa Romário Martins. Santa Cândida, pioneira da colonização linista. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, ano 2, n. 16, dez. 1975.

 

Outras fontes

ABRANCHES, A. Relatório apresentado a Assembleia Legislativa Provincial do Paraná em 15 de fevereiro de 1875 pelo presidente Araujo Abranches. Curityba: Typ. Da Viúva Lopes, 1875.

CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA. Oficio da Câmara Municipal de Curitiba ao presidente da Província, Francisco Liberato de Mattos, de 07.01.1858. OFFICIOS, 1860, vol. 2. Arquivo Publico do Paraná, doc. Manuscrito.

NADALIN, Sérgio Odilon. Paraná: Ocupação do Território, População e Migrações. Curitiba: SEED, 2001.

GENTIL, Carlos Perret. Oficio do fundador e diretor da colônia de Superagui, Carlos Perret Gentil, ao presidente da Camara Municipal de Paranaguá, Manuel Antonio Guimarens, de 15.11.1857. OFFICIOS, 1858, Vol. 2. Arquivo Publico do Paraná, doc. Manuscrito.

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