Santa Cândida em fotos de antigamente
Santa Cândida em fotos de antigamente
O presidente de província Adolpho Lamenha Lins esforçou-se logo de inicio em dotar a colônia de uma capela para o cultuo religioso dos colonos. Assim no próprio ano de fundação destinou um terreno de 76.681 metros quadrados e nele autorizou a construção de uma capela. Em seu relatório governamental de 1877 p. 84 e 85 assim descreve:
“Ultimamente terminou-se a construcção da capella que já foi entregue ao culto. É um edifício elegante, bem construído e está bem ornado e servido de paramentos, importando a despeza total em 6:397$000 (seis contos, trezentos e noventa e sete mil réis).”
Padre João Wislinski, em seu livro de crônicas, dá maiores detalhes dessa primeira igreja de Santa Cândida.
“… Era um quadrilátero de pedra até as janelas e depois de tijolos até a cobertura. Os tijolos procediam da Olaria Strese do Bacacheri, onde atualmente possui a Olaria Silvio Colle. O Sr. Strese era alemão católico. Os tijolos de sua Olaria eram muito bons, que hoje é difícil encontrar. No ano de 1910, do tempo do Pe. Leon Niebieszczanski, foi construído o presbitério em estilo gótico e duas pequenas sacristias. Anteriormente foi acrescentado na frente “babiniec” (lugar para as mães com nenês), de sorte que o comprimento de toda a Igreja tem 27 metros e a largura 6,40 metros. Não havia torre, somente ao lado campanário de madeira com dois sinos e sineta (“sygnaturka”).
Esta primeira Igreja de Santa Cândida tinha três altares, o principal de estilo imperial com a imagem de madeira 80 cm de altura de Santa Cândida, … e dois altares laterais nos quais estavam uma pequena imagem do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora do Rosário.”
A capela foi solenemente benzida e inaugurada no dia dos santos reis (6 de janeiro) de 1877, com uma procissão que partiu de Curitiba, com cerca de 2.000 fieis, inclusive o próprio presidente da província, conduzindo uma imagem de Santa Cândida de 80 cm de altura, doada que fora pelo imperador D. Pedro II e adquirida em Lisboa.
O jornal governista, Dezenove de Dezembro, assim registrou o translado da imagem de Santa Cândida da matriz de Curitiba para a respectiva colônia.
“… os colonos dos arredores da capital em numero superior a dois mil, seguidos de uma multidão de fieis desta cidade, formaram a procissão que desfilou pela estrada da Graciosa até a bella colina onde está construída a elegante capella da colônia. A colônia Argelina (leia-se Santa Cândida) empavesou-se com arcos de folhagens, onde se liam inscrições relativas … uma comissão de meninas vestidas de branco, em nome da infância a quem S. Ex. (Lamenha Lins) fornece com tanta liberalidade o pabulo da instrução, depoz nas mãos do benemérito presidente singela e muito significativa manifestação. Os colonos de Argelina (leia-se Santa Cândida) fizeram-se representar por sua vez perante S. Ex. exprimindo-lhe a satisfação que experimentam diante dos progressos da colonização …. O povo aglomerado na collina, onde foi edificada a capella, oferecia aos que chegavam um imponente espetáculo. … Os distintos encarregados do alojamento dos imigrantes, e agente da colonização as suas expensas distribuíram pão e carne entre os colonos, que compareceram a festa.”
E assim passou o tempo e a capela foi servindo a seu propósito quando em 1929 o padre Paulo Warkocz iniciou a construção da nova Igreja. Pe. Paulo foi transferido para Irati em janeiro 1931 e coube ao Pe. João Wislinski que assumiu a paróquia em dezembro de 1931 concluí-la. Há duras penas, com diversas paralisações, por falta de dinheiro, a nova igreja foi concluída e em maio de 1936 nela foi rezada a primeira missa.
Então no dia 19 de fevereiro de 1940 procedeu-se a demolição dessa primeira igreja da colônia. A respeito dessa demolição Pe. Wislinski assim escreve em suas crônicas:
“Como a antiga Igreja estava em outro lugar, do outro lado da estrada, poderia ter sido conservada, pois, a construção era muito sólida. Poderia servir como residência paroquial. Infelizmente, somente 2 metros de distância, foi erguida a nova imponente Igreja, de tal sorte que, ficou entre a nova Igreja e o Cemitério paroquial. Tinha que sucumbir à demolição. O povo, principalmente os idosos e adultos lamentavam, quando começaram demolir as paredes da “velhinha”. Não é de admirar, pois, elas eram tão antigas como a estadia deles em Santa Cândida. Foi nela que eles contraíram matrimônio, batizaram os seus filhos, dela conduziam os primeiros colonos pioneiros, os seus familiares, para o descanso eterno no Cemitério ao lado. Foi nela que ouviam a Palavra de Deus, purificavam-se dos pecados, alimentavam a alma com as orações e a Sagrada Comunhão. Foi lá que eles hauriam força e coragem nos momentos difíceis, sobretudo nos primórdios na Terra Brasileira. – O que fazer! Assim é na vida dos homens, os idosos deixam lugar aos novos; amada e venerável, a primeira Igreja católica em Santa Cândida desceu ao sepulcro, fazendo lugar para a sua nova e suntuosa sucessora, … cabendo a esse padre o triste dever de pôr no sepulcro esta primeira Igreja de Santa Cândida na colônia de Santa Cândida.”
Pe. João Wislinski ainda relata:
Os trabalhos (de demolição) foram conduzidos pelo Sr. Matias Walecko, em substituição ao mestre de obras José Kowalczyk de Curitiba. Tudo levou um mês de trabalhos diários, terminaram na quarta-feira Santa, 21 de março. Ajudaram cerca de 100 famílias voluntárias. Os meninos de 12 a 15 anos ajudaram muito na limpeza dos tijolos e carregamento de entulhos. As despesas da demolição se elevaram a 768$500 (setecentos e sessenta e oito mil, quinhentos contos de réis): Matias Walecko, 24 dias …291$000; Francisco Walecko, 24 dias, 200$000; José Kulik, 25 dias, 222$000; Inácio Otto, 11 dias, 55$000.
Da antiga Igreja, foram recuperados 34 mil tijolos em bom estado e 5 mil de meio tijolo. Além disso, 70 m3 de pedra e 32 m3 de areia. Tudo isso serviu para a construção dos muros ao redor da Igreja e ampliação do cemitério. A venda das telhas e da madeira da antiga Igreja rendeu 1.028$300 (hum conto, 28 mil e trezentos réis).”
FONTE:
PARANÁ. Relatório do presidente Adolpho Lamenha Lins … 1877, p. 84-85.
FEDALTO. Pe. Pedro. A Arquidiocese de Curitiba na sua história. Curitiba, 1958, s/ed. p. 117.
DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, 10 jan. 1877.
WISLINSKI. Pe. João. CRÔNICA DA PARÓQUIA DE SANTA CÂNDIDA – PARANÁ E DA CASA DOS PADRES da MISSÂO DO ANO DE 1932 – 1945. Tradução livre feita pelo Pe. Lourenço Biernaski, CM. Curitiba, 10 de dezembro de 2012.
Mangual (em polonês e em silesiano escreve-se Cep e lê-se tsep) é um instrumento através do qual se malha cereais para debulhá-los. Consiste em um pedaço de madeira comprido e fino no qual se sustenta a base, chamado de mango, que serve de cabo. Esse cabo é ligado por uma correia de couro, chamada por sua vez de inçadouro, a um outro, curto e grosso, o pírtigo, que percute as hastes da planta, que são geralmente trigo e cevada. Na Colônia Santa Cândida era utilizado para malhar trigo, centeio, cevada e também o feijão.
“Cep” é uma palavra utilizada pela línguas eslavas.
Em russo escreve-se “цеп” (“u com cedilha”, “é” e “pi”) e lê-se tsep.
Em ucraniano escreve-se “ціп” (“u com cedilha”, “i” e “pi”) e lê-se tsip.
Em biela-russo escreve-se “цэп” (“u com cedilha”, “é invertido” e “pi”) e lê-se tsip.
As línguas acima relacionadas utilizam o alfabeto cirílico com pequenas variáveis entre elas.
Em polonês escreve-se “Cep” em letras latinas. O plural de “Cep” é “Cepy” e lê-se tsepi.
Assim temos ” jeden cep – dwa cepy”
FONTE: Internet
Colaboração: Domiciano Spisla e Alexandre Spisla
Fontes:
Edward Piróg morador de Stare Siołkowice que enviou algumas das imagens.
Felippe Skora (falecido) fotografou o lugar quando o visitou em uma de suas viagens.
Internet: http://staresiolkowice.pl/kim-byl-autor-rysunku-z-xviii-wieku/#!prettyPhoto
Continuando o post anterior sobre o Tiroteio na casa paroquial com Padre Leon Niebieszczański (clique aqui para acessar o post anterior), segue duas imagens do ilustre padre.
29 de agosto é o dia em que celebramos o aniversário de morte de Santa Cândida. Sabemos que essa santa foi martirizada nos primeiros tempos do cristianismo durante as perseguições dos imperadores romanos. Por volta de 817 a 824 seu corpo foi transferido pelo Papa Pascoal I das catacumbas para a igreja de Santa Praxedes em Roma. Nesse local seu nome está numa inscrição junto com o de outros mártires ali sepultados.
Essa santa serviu de inspiração para nomear a primeira colônia estabelecida as margens da estrada da Graciosa dentro da filosofia “linista”. Os colonos, em sua maioria polacos, receberam a imagem da santa em 06 de janeiro de 1877. A imagem barroca entalhada em cedro foi doada por Dom Pedro II que a adquiriu em Lisboa, Portugal.
Essa santa do inicio do cristianismo tem sido amada, festejada e venerada pela comunidade local. Dois hinos foram compostos em sua homenagem e duas orações são a ela dedicadas. Suas festas sempre foram antecedidas de intensa programação religiosa as quais ninguém faltava.
Nas crônicas do Pe. Joao Wislinski, ha um relato bastante interessante sobre a festa da padroeira Santa Cândida de agosto de 1944. Naqueles dias a colônia amargava uma forte seca. Os poços estavam secos, os pastos queimados e o gado morrendo de fome e sede. Alem dessa desgraça local, o mundo amargava o 5º ano da II Guerra Mundial. Assim não houve música, nem baile, mas uma intensa celebração espiritual. No domingo, dia 27 de agosto, a missa das 10 horas, com sermão e adoração do Santíssimo Sacramento prolongou-se ate às três horas da tarde, hora que começava a novena. Assim a comunidade passou o domingo em oração. Na noite de 28 para 29 de agosto, quase que de repende, o céu da colônia cobriu-se de nuvens, trovejou e choveu por toda a noite, parando somente no dia seguinte. Ninguém lamentou a falta de festa externa. O povo sentiu-se feliz pela chuva, agradecendo a Deus e a Santa Cândida por atenderem as suas suplicas.
Comemoração do centenário do Paraná com a participação dos polacos da Santa Cândida. Podemos vê-los entre os minutos 2:48 e 3:07.
Eu sou Danusia Maria Walesko, nasci aqui no ano de 1959 e sou descente de Francisco Kuli(g)k, polaco silesiano, que adotou essa terra por pátria no ano de 1875.