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1875 – RAZÕES PARA SAIR DA POLÔNIA

1875 – RAZÕES PARA SAIR DA POLÔNIA

 

Ao deitar meu olhar para o mapa mundial e observar a distancia entre a Polônia e o Brasil me pergunto: O que levou os polacos que se estabeleceram na colônia Santa Cândida a fazerem essa jornada transoceânica com mulher e filhos pequenos? Será que a Pátria Mãe Polônia estava deveras sendo por demais madrasta? O que buscavam em terras tão distantes?

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Parte da resposta encontro nos livros de história. Em 1875 ano da partida deles para o Brasil a Polônia já não existe como nação livre e independente. Em 1795 o território polonês foi invadido, ocupado e desmembrado entre Prússia, Rússia e Áustria. A Polônia está riscada do mapa das nações independentes.

O historiador Alberto Victor Stawinski, no livro “Primórdios da Imigração Polonesa no Rio Grande do Sul”, p. 14 assim comenta:

Essas três potencias puseram em ação um lento e progressivo processo de despolonização de seus súditos.  Enquanto a Prússia e a Áustria, na ânsia de germanizar a população polonesa, começaram proibindo o uso da língua polonesa nas escolas, igrejas e repartições publicas. A Rússia, tomava medidas mais drásticas, fechando as escolas primárias e vedando aos estudantes poloneses o acesso às escolas de ensino secundário e superior (8). (talvez seja daí a origem da expressão “A coisa ta russa” para situações de extrema dificuldade (*)). 

No livro acima citado Alberto Victor Stawinski, destaca:

Criou-se então, para os poloneses um clima de soturna perseguição, de opressão e de ignóbil ostracismo… Grande número de intelectuais e de abastados homiziaram (refugiaram-se (*)) na França e em outros países da Europa. À classe proletária restou apenas uma saída: buscar a liberdade através da emigração. 

Romão Wachowicz em seu livro Homens da Terra, p.7.) assim escreve:

Partiam atordoados. Libertavam-se da penúria, da opressão, da perseguição. Aliciados e iludidos, demandavam o além-mar.

Quem poderia resistir à tentação?

Todos tinham casos com o senhorio, com o gendarme, com a caterva de vivaldinos.

Os que possuíam coração, os que amavam a Mãe-Terra enxugavam as lágrimas e partiam em busca de areias cintilantes, para no retorno atirá-las aos olhos do inimigo e cegar os tiranos.

Abandonavam searas de trigo. Tentados, aventuravam melhor sorte. Sonhavam com minas de prata, árvores-leiteiras, frutas-pão, maná em desertos. […] Iludidos, corriam para o desconhecido, em busca de fazendas e castelos ilusórios.

No porto, não passavam de um bando de olhos vendados. Empurravam-nos ao navio. E eles subiam humildes, mas não derrotados.

Alberto V. Stawinski ainda dá inúmeros outros detalhes em seu livro sobre a situação da Polônia no século XIX. No entanto como no BLOG – Santa Cândida a história e as histórias de cada um – tratamos especificamente sobre os polacos prussianos aqui estabelecidos transcrevo na integrava o texto de Stawinski que aborda a dominação prussiana.

 

 

OS POLONESES SOB A DOMINAÇÃO PRUSSIANA (1863)

Alberto Victor Stawinski

 

Após a famosa batalha de Leipzig (1813), em que os prussianos e seus aliados: austríacos, russos e suecos, destroçaram o aguerrido exército de Napoleão Bonaparte, a Prússia tornou-se uma das mais importantes potências da Europa. O rei prussiano, Frederico Guilherme III, no desejo de manter a paz e a ordem dentro dos limites do seu reino, quis governar com brandura o anexado território polonês. Criou-se, pois, o “Grande Ducado de Posnânia”, outogrando-lhes direitos de certa autonomia. Permitiu o uso da língua polonesa e o funcionamento das escolas polonesas. Essa trégua, porém, teve efêmera duração. Em conseqüência dos malogrados levantes de 1830, 1848 e 1863, os poloneses perderam sua relativa autonomia (10).

O domínio do reino prussiano, do lado oriental, abrangia, em 1863, a região polonesa de Posnânia, Pomerânia e parte da Silésia. Tencionavam os prussianos incorporar, definitivamente, ao seu território toda aquela região, que durantes muitos séculos tinha sido parte integrante da Polônia. Para alcançarem tal objetivo, precisavam, antes de tudo, germanizar os seus súditos poloneses. A tarefa da assimilação de aproximadamente 4 milhões de indômitos poloneses exigia um processo metódico e a longo prazo. Em plano prioritário, foi criada a tal “Comissão Colonizadora”, cuja meta principal era obrigar os poloneses, a venderem suas propriedades aos prussianos. A seguir, organizou-se a chamada “luta agrária”, com a finalidade de arrancar das mãos de proprietários poloneses as terras que eles vinham ocupando desde tempos imemoriais. As terras eram confiscadas aos agricultores que se obstinassem a não vendê-las. Com base nessa lei desumana, os agricultores eram esbulhados das suas terras e casas, e substituídos por intrusos lavradores prussianos. Banidos das suas propriedades, os poloneses tinham a proibição de construir novas residências sem a prévia licença das autoridades prussianas (8).

Passou para a história o célebre episódio, ocorrido com o aldeão polonês, Wojciech Drzymała (1857-1937), (em pesquisa encontrei o nome de Michał Drzymała – pode estar havendo erro de impressão no livro de Stawinski ou outra razão desconhecida para a diferença de grafia para o nome do aldeão protagonista do episódio. (*)) a quem as autoridades prussianas haviam negado a licença de construir sua casa. Transformou ele uma carroça em casa e passou a morar na rua. Essa carroça moradia tornou-se símbolo da luta dos poloneses contra a política de germanização. A atitude destemida de Drzymała suscitou imitadores. Toda a imprensa européia comentou amplamente esse episódio, tecendo rasgados elogios à resistência heróica dos poloneses contra a injusta pressão prussiana (8).

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O processo de germanização dos poloneses por parte dos prussianos recrudesceu com o lançamento do malfadado “Kulturkampf” do autoritário chancelar Otto Von Bismarck. Na década de 1870 foi, severamente, proibido o uso da língua polonesa nas escolas, nas igrejas, nas repartições públicas e em todos os atos oficiais. Ademais, aos poloneses foi interditado o acesso a qualquer cargo público. Os prussianos empenharam-se, ainda, em germanizar os nomes poloneses de cidades, vilas, aldeias, praças, ruas, lagos, montanhas,… (19)

Convencidos de que a Igreja Católica constituía forte baluarte de polonidade, os prussianos desencadearam uma luta aberta contra o clero e as instituições católicas. A situação dos poloneses torna-se deveras desesperadora. De fato, como poderia sobreviver um povo esbulhado de seus haveres, privados de todos os direitos sociais e políticos e impedidos de se expressar em sua língua materna? Sem mais nem menos, sob o domínio prussiano os poloneses viram-se reduzidos à condição de párias (19).

No último quartel do século XIX, alarmante crise econômica generalizaram-se em todos os países europeus. O nível salarial era baixo e, por outro lado, ia crescendo cada vez mais o número de desocupados.

Milhares de lavradores tiveram que procurar trabalho fora do território prussiano. Isso, porém, só resolvia em parte o problema da superpopulação e da escassez de ocupação para todos. A fim de sustar o avanço da crise econômica os prussianos chegaram à conclusão de que deveriam liberar a emigração dos poloneses. Criou-se, então, um órgão de controle e orientação dos candidatos à emigração. Todo emigrante devia munir-se de passaporte oficial, redigido em língua alemã. Exigia-se, ainda, dos poloneses católicos que levassem consigo certificado de batismo e casamento religioso. É interessante notar que os párocos forneciam esses documentos exarados de caso pensado, em latim e não em alemão. Era uma espécie de protesto indireto conta a dominação prussiana (20).

De 1875 a 1900, mais de 20 mil emigrantes poloneses deixaram o território prussiano com destino aos países norte e sul americanos. Esse número, porém, foi aumentando até o começo da primeira guerra mundial. Nos países de destino, os poloneses eram registrados não como imigrantes poloneses, mas como prussianos. Aparece isso comprovado, por exemplo, pelo Mapa Estatístico da Imigração, que é conservado no Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul em Porto Alegre (21). Entretanto, os imigrantes poloneses vindos embora da Prússia, jamais consentiram em ser considerados como prussianos.

No Paraná os polacos destinados a colônia Santa Cândida foram registrados pelas autoridades brasileiras como polacos prussianos (*).

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS de Alberto Victor Stawinski

8 – CYRYLA, S. M. POLSKA (Podrecznik do Nauki Dziejów Ojczystych, Czesc II. Chicago, Illinois, 3800 Peterson Ave. 1933. – 288 pp. (POLÔNIA. – Manual da História da Pátria II Parte) p. 20, 38, 48, 51, 52,…

10 – HALECKI, O. HISTÓRIA DE POLÔNIA. Buenos Aires 1946. Editora Bezeta. 255 pp. (Vrsión Directa del Inglês por J. L. Izquierdo Hernandez) p. 158 ss.

19 – ANAIS DA COMUNIDADE BRASILEIRO-POLONESA. Superintendência das Comemorações do Centenário da Imigração Polonesa ao Paraná. Curitiba, PR., Rua Carlos de Carvalho, 575, 1970 a 1974. (7 Volumes)

1970, Vol. I e Vol. II.

1971, Vol. III, Vol. IV e Vol. V.

1972, Vol. VI.

1973, Vol. VII.

p. 16-27, 29-35 (Vol. I; p. 97-106 (Vol. II); p. 17-34, 82-103 (Vol. III); p. 23-24 (Vol. VII).

20 – WASTOWSKI, Mons. Pedro Protásio. INFORMAÇÕES SOBRE IMIGRANTES POLONESES ORIUNDOS DA REGIÃO SOB DOMÍNIO PRUSSIANO. Cf. Carta 15.09.1974. Arq. Inst. Hist. Capuchinhos. Cx P. 233. – 95.100 – Caxias do Sul, RS.

21 – ARQUIVO HISTÓRICO DO RIO GRANDE DO SUL. Porto Alegre, Rua André Puente, 318. – COLÔNIA CONDE D’EU, Linha Azevedo Castro I secção, Livro 511, 1877. – MAPA ESTATÍSTICO DA POPULAÇÃO COM A INDICAÇÃO DOS LOTES OCUPADOS E DEMONSTRAÇÃO DO DÉBITO DOS COLONOS À FAZENDA NACIONAL (01.01.1884, Colônia Conde D’Eu, Linha Azevedo Castro, I Secção, Fls. 50 – 105).

 

FONTES:

Stawinski, Alberto Victor. Primórdios da Imigração Polonesa no Rio Grande do Sul (1875-1975). Porto Alegre, Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes; Caxias do Sul, Universidade de Caxias do Sul, 1976.

Wachowicz, Romão 1907

Homens da Terra/Romão Wachowicz, tradução de Francisco Dranka. Terceira edição, Curitiba, Vicentina, 1997, 337 p.

-Título Original em língua polonesa editado em Curitiba em 1962.

SZERSZENIE WRAJU

– Título da edição polonesa editado em Varsóvia em 1980.

POLSKIE KORZENIE

Goulart, Maria do Carmo Ramos Krieger. “Imigração Polonesa nas Colônias Itajahy e Principe Dom Pedro”: Uma contribuição ao estudo da imigração polonesa no Brasil Meridional. – Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1984.

 

IMAGENS:

Fonte: http://www.wykop.pl/link/1489701/woz-drzymaly/

Fonte: http://blogmedia24.pl/node/57580

Fonte: https://pl.wikipedia.org/wiki/Micha%C5%82_Drzyma%C5%82ª

 

(*) Nota de Danusia Walesko

 

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O INICIO DE UMA TRADIÇÃO NA FESTA DE SANTA CÂNDIDA

O INICIO DE UMA TRADIÇÃO NA FESTA DE SANTA CÂNDIDA

Por ocasião da festa da padroeira Santa Cândida já é tradição a fabricação e venda do kuke polonês. Tradição essa que se iniciou há muitos anos atrás quando o padre João Wislinski pediu a um grupo de meninas, que participavam do movimento Filhas de Maria, que organizasse um café para a festa. Philomena Kachel Schluga que nesse mês de junho de 2015 completa 85 anos lembra como tudo começou:

– Não sei bem a data, mas foi mais ou menos entre 1946 e 1948, numa das reuniões de Filhas de Maria da qual eu participava. Padre João Wislinski era nosso diretor e também participava das reuniões. Foi numa dessas reuniões que o padre Wislinski pediu para nós se daria para fazer um café para a festa da padroeira Santa Cândida, pois nesta data fazia e faz frio.

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Num primeiro momento as meninas se negaram, pois não havia estrutura para fazer o café. No local onde se realizavam as festas só havia um pequeno chalé. Mas padre Wislinski não seu deu por vencido e persistiu frisando para todas que quando a gente quer de verdade a gente consegue, mas nós um grupo de seis meninas acreditávamos que não seria possível, era uma tarefa além das nossas forças.

Na época era tudo difícil, só existia fogão a lenha, e no chalé não tinha fogão, a data da festa estava próxima e não dava tempo de fazer o fogão e ainda não tinha louça nem bules. Então padre Wislinski sugeriu que falássemos com as freiras da escola para ver se elas emprestavam o fogão. Como as nossas irmãs sempre foram muito prestativas com a comunidade, aceitaram o pedido das meninas e cederam a cozinha.

Bom o café estava garantido, mas e o lanche? Então fomos falar com as senhoras caridosas que pertenciam a Associação de Mães Cristãs da Paróquia. E elas nos ajudaram muito. Uma fez os sonhos, outra fez roscas (um espécie de pão doce) e outra fez o kuke polonês, e nós meninas, colaboramos com os bolos e fizemos os sanduíches. E foi assim que surgiu o primeiro café colonial de Santa Cândida.

Mas de que maneira foi servido esse café?

– Bem, o café a gente ia buscar na escola das irmãs, onde uma das senhoras já estava fazendo e refazendo. Os bules e as xícaras foram emprestados. O café foi servido pela janela do chalé, pois não havia espaço para todos dentro do mesmo. Para ajudar a servir, uma menina com um bule na mão e outra com uma bandeja de xícaras serviam no meio do povo. Haviam muitas pessoas, pois todos prestigiavam as festas promovidas pela Igreja. Foi difícil, mas apesar de todas as dificuldades, tivemos êxito e o café foi um sucesso.

Com o resultado favorável da experiência, no próximo ano foi emendado ao pequeno chalé de madeira uma pequena cozinha com fogão a lenha. Nós nos organizamos melhor e as senhoras do movimento de Mães Cristãs nos deram mais apoio. A partir de então nunca mais faltou kuke polonês/polaco nas festas de Santa Cândida.

Os organizadores e colaboradores do primeiro café da festa de Santa Cândida foram:

– O padre João Wislinski,

– As Irmãs Franciscanas da Sagrada Família,

– As seis meninas que faziam parte do movimento – Filhas de Maria: Francisca Nadolny, Philomena Kachel, Gilda Ian, Silene Rudek, Valdívia Rudek e Astrogilda Voś.

– As senhoras Caridosas: Ana Voś Baudy, Julia Skora Baudy, Eliza Nadolny Ielen, Vitória Lyska.

 

Fonte:

Depoimento de Philomena Kachel Schluga.

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Francisco Kulig (filho)

Francisco Kulig (filho)

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Francisco Kulig (filho)

 

Francisco Kulig (filho) nasceu no dia 03 de dezembro de 1870, na Polônia, aldeia de Siolkowice, região da Silésia. Chegou ao Brasil com 4 anos e sete meses de idade junto com os país Francisco Kulig  e Maria Malek e  irmãos.  Segundo artigo de  Helena Kokot Józef Moczko a família de Francisco Kulig (filho) ao deixar a Polônia estava assim constituída.

 

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Fonte: http://staresiolkowice.pl/emigracja-do-brazylii-z-siolkowic-popielowa/

No Brasil a família de Francisco Kulig (filho) se estabeleceu em outubro de 1875 no lote 4  na colônia Santa Cândida.

Em 1877 Francisco e o irmão Carlos freqüentaram a escola da colônia. Seus nomes constam de uma lista dos alunos matriculados naquele ano.

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1877 – recorte da lista de alunos matriculados na escola Santa Cândida

Em 1887 segundo levantamento estatístico efetuado pelo governo da província do Paraná, a família plantava Centeio, milho, batatas e feijão. Possuía casa de madeira, paiol, 2 cavalos, 1 carroça e 1 vaca e estava assim constituída:

 

Franz Kulig                       chefe          48            casado        polaca

Maria                                  mulher       45            casada        polaca

Ignacio                              filho            23            solteiro        polaca

Franz                                 filho            17            solteiro        polaca

Urbano                              filho            14            solteiro        polaca

Catharina                          filha            9               solteira     brasileira

Juliana                              filha            7               solteira      brasileira

Agneska                            filha            5               solteira     brasileira

Josepha                            filha            2               solteira     brasileira

 

No dia 14 de novembro de 1893 Francisco Kulig (filho) casou com Hedvige Macioszek

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Com quem teve os seguintes filhos: Augustinho, Jacob, Regina, Paulo, Pedro, Julia, João, Clara, Maria e Mônica.

Augustinho (Augusto) casou com Guilhermina Szprada

Jacob casou com Francisca Skrock,

Paulo casou com Maria Skora,

Pedro casou com Celestina Szprada,

Regina casou Ludovico Kachel,

Julia não casou,

João casou com Margarida Zaia,

Clara com Wasil Luciw,

Maria e Mônica morreram adolescentes.

 

No decorrer da vida Francisco exerceu a profissão de pedreiro, carpinteiro, mestre de obras e escultor de imagens sacras. Também foi agricultor e criador de animais.

Segundo relato de descendentes ele trabalhou na construção da casa que serviu de escola e abrigo para as irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Maria. Essa casa existe até os dias atuais e é chamada de “Casarrão”.

 

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1922 – “Casarão” recém inaugurado

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1922 – “Casarão” recém inaugurado

1998 – “Casarão” recém restaurado.

1998 – “Casarão” recém restaurado.

Construiu e fundou a Sociedade Lamenha Lins. A sociedade era servida de uma construção composta por um amplo salão de baile, um palco, uma cozinha e bar e espaço com mesas onde os homens jogavam cartas e bebiam cerveja. Festas de casamento, eventos cívicos e culturais se realizavam nesse espaço. O local ficou conhecido como Salão de Baixo. Nesse espaço funcionou também o Circulo Operário.  Francisco deixou em testamento que a propriedade deveria ser doada para a escola quando o circulo operário encerrasse as atividades. O circulo encerrou suas atividades, mas como a escola da colônia havia sido estatizada  alterou-se o estatuto e a propriedade foi doada para a paróquia. Por volta de 1975, a paróquia demoliu a edificação e vendeu o terreno.

Anos 50 – Sociedade Lamenha Lins (salão de baixo) – Baile da Coroa

Anos 50 – Sociedade Lamenha Lins (salão de baixo) – Baile da Coroa 

1965 – Demolição da Sociedade Lamenha Lins (salão de baixo)

1975 – Demolição da Sociedade Lamenha Lins (salão de baixo) 

Na década de 20 Francisco tentou viajar à Polônia com a esposa. No entanto como a Europa estava sobre clima de guerra e o casal não obteve o “salvo conduto” a viagem à Polônia tornou-se uma viagem pelo Brasil.

Em 1929, Francisco Kulig foi o primeiro mestre de obra a dirigir os trabalhos da construção da nova igreja de Santa Cândida, mas no decurso da obra ficou doente e faleceu no dia 16 de fevereiro de 1930 com 59 anos. Assim a obra ficou inacabada e foi assumida por outros. Esses não deram conta do trabalho quando finalmente Paulo Kulig, filho de Francisco Kulig assumiu e concluiu a construção.

1956 – Igreja matriz de Santa Cândida

1956 – Igreja matriz de Santa Cândida 

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2014 – Igreja matriz de Santa Cândida

 

Francisco foi um esposo dedicado que cuidou com esmero e carinho de sua esposa Hedvige. Próspero e religiosos sempre levava consigo uma bíblia. Esse lado religioso foi seguido pelos netos Fabiano Sebastião Kachel e Domingos Salomão Kachel ambos padres e pelas neta Silvia Kachel freira. Muitos de seus descendentes continuam morando em Santa Cândida e vários atuam na paróquia de mesmo nome.

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Na foto Tereza Kulik Czepanik com as filhas Marcia (em pé) e Claudia (no colo). O menino ao lado é Celso de Oliveira um sobrinho do marido de Tereza.  A casa no fundo é a casa de Francisco Kulig e Hedvige Macioszek (Starka Kuliska). Tereza Kulik Czepanik é neta de Francisco Kulig (filho) e Edvige Macioszek.

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Hedvige Macioszek esposa de Francisco Kulig (filho) 

Clara Kulig filha de Francisco Kulig (filho) e Hedvige Macioszek.

Clara Kulig filha de Francisco Kulig (filho) e Hedvige Macioszek. 

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1924 – Paulo Kulig e Maria Skora

Esse casal, meus avós maternos, tiveram os seguintes filhos:

14/10/1925 Hedviges Theresa Kulig,

02/10/1927 Longina Kulig,

01/10/1929 Dionizio Gabriel Kulig

27/11/1931 Silvestre Kulig

15/11/1933 Mario Stanislau Kulik,

16/07/1937 Natalia Maria Kulik,

29/04/1939 Celestina Karolina Kulik,

06/05/1942 Nivaldina Kulik

29/07/1944 Palmira Martha Kulik

03/10/1947 Leoni Benigna Kulik

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1929 – As Filhas de Paulo Kulig e Maria Skora 

1950 - As Filhas de Paulo Kulig e Maria Skora

1950 – As Filhas de Paulo Kulig e Maria Skora 

2001 - As Filhas de Paulo Kulig e Maria Skora

2001 – As Filhas de Paulo Kulig e Maria Skora

 

A PRIMEIRA IGREJA NA COLÔNIA SANTA CÂNDIDA – 06/01/1877

A PRIMEIRA IGREJA NA COLÔNIA SANTA CÂNDIDA – 06/01/1877

O presidente de província Adolpho Lamenha Lins esforçou-se logo de inicio em dotar a colônia de uma capela para o cultuo religioso dos colonos. Assim no próprio ano de fundação destinou um terreno de 76.681 metros quadrados e nele autorizou a construção de uma capela. Em seu relatório governamental de 1877 p. 84 e 85 assim descreve:

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Primeira Igreja da Colônia Santa Cândida benzida e inaugurada no dia 06/01/1877.

“Ultimamente terminou-se a construcção da capella que já foi entregue ao culto. É um edifício elegante, bem construído e está bem ornado e servido de paramentos, importando a despeza total em 6:397$000 (seis contos, trezentos e noventa e sete mil réis).”

Padre João Wislinski, em seu livro de crônicas, dá maiores detalhes dessa primeira igreja de Santa Cândida.

“… Era um quadrilátero de pedra até as janelas e depois de tijolos até a cobertura. Os tijolos procediam da Olaria Strese do Bacacheri, onde atualmente possui a Olaria Silvio Colle. O Sr. Strese era alemão católico. Os tijolos de sua Olaria eram muito bons, que hoje é difícil encontrar. No ano de 1910, do tempo do Pe. Leon Niebieszczanski, foi construído o presbitério em estilo gótico e duas pequenas sacristias. Anteriormente foi acrescentado na frente “babiniec” (lugar para as mães com nenês), de sorte que o comprimento de toda a Igreja tem 27 metros e a largura 6,40 metros. Não havia torre, somente ao lado campanário de madeira com dois sinos e sineta (“sygnaturka”).

Esta primeira Igreja de Santa Cândida tinha três altares, o principal de estilo imperial com a imagem de madeira 80 cm de altura de Santa Cândida, …  e dois altares laterais nos quais estavam uma pequena imagem do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora do Rosário.”

A capela foi solenemente benzida e inaugurada no dia dos santos reis (6 de janeiro) de 1877, com uma procissão que partiu de Curitiba, com cerca de 2.000 fieis, inclusive o próprio presidente da província, conduzindo uma imagem de Santa Cândida de 80 cm de altura, doada que fora pelo imperador D. Pedro II e adquirida em Lisboa.

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à esquerda: Imagem de Santa Cândida de 80 cm de altura, doada pelo imperador D. Pedro II, adquirida em Lisboa e entregue a colônia Santa Cândida em 06/01/1877. À Direita: Altar principal em estilo imperial com a imagem de madeira 80 cm de altura de Santa Cândida da primeira igreja da colônia que foi transferido para a segunda igreja.

O jornal governista, Dezenove de Dezembro, assim registrou o translado da imagem de Santa Cândida da matriz de Curitiba para a respectiva colônia.

“… os colonos dos arredores da capital em numero superior a dois mil, seguidos de uma multidão de fieis desta cidade, formaram a procissão que desfilou pela estrada da Graciosa até a bella colina onde está construída a elegante capella da colônia. A colônia Argelina (leia-se Santa Cândida) empavesou-se com arcos de folhagens, onde se liam inscrições relativas … uma comissão de meninas vestidas de branco, em nome da infância a quem S. Ex. (Lamenha Lins) fornece com tanta liberalidade o pabulo da instrução, depoz nas mãos do benemérito presidente singela e muito significativa manifestação. Os colonos de Argelina (leia-se Santa Cândida) fizeram-se representar por sua vez perante S. Ex. exprimindo-lhe a satisfação que experimentam diante dos progressos da colonização …. O povo aglomerado na collina, onde foi edificada a capella, oferecia aos que chegavam um imponente espetáculo. … Os distintos encarregados do alojamento dos imigrantes, e agente da colonização as suas expensas distribuíram pão e carne entre os colonos, que compareceram a festa.”

 

E assim passou o tempo e a capela foi servindo a seu propósito quando em 1929 o padre Paulo Warkocz iniciou a construção da nova Igreja.  Pe. Paulo foi transferido para Irati em janeiro 1931 e coube ao Pe. João Wislinski que assumiu a paróquia em dezembro de 1931 concluí-la. Há duras penas, com diversas paralisações, por falta de dinheiro, a nova igreja foi concluída e em maio de 1936 nela foi rezada a primeira missa.

 

Então no dia 19 de fevereiro de 1940 procedeu-se a demolição dessa primeira igreja da colônia. A respeito dessa demolição Pe. Wislinski assim escreve em suas crônicas:

“Como a antiga Igreja estava em outro lugar, do outro lado da estrada, poderia ter sido conservada, pois, a construção era muito sólida. Poderia servir como residência paroquial. Infelizmente, somente 2 metros de distância, foi erguida a nova imponente Igreja, de tal sorte que, ficou entre a nova Igreja e o Cemitério paroquial. Tinha que sucumbir à demolição. O povo, principalmente os idosos e adultos lamentavam, quando começaram demolir as paredes da “velhinha”. Não é de admirar, pois, elas eram tão antigas como a estadia deles em Santa Cândida. Foi nela que eles contraíram matrimônio, batizaram os seus filhos, dela conduziam os primeiros colonos pioneiros, os seus familiares, para o descanso eterno no Cemitério ao lado. Foi nela que ouviam a Palavra de Deus, purificavam-se dos pecados, alimentavam a alma com as orações e a Sagrada Comunhão. Foi lá que eles hauriam força e coragem nos momentos difíceis, sobretudo nos primórdios na Terra Brasileira. – O que fazer! Assim é na vida dos homens, os idosos deixam lugar aos novos; amada e venerável, a primeira Igreja católica em Santa Cândida desceu ao sepulcro, fazendo lugar para a sua nova e suntuosa sucessora, … cabendo a esse padre o triste dever de pôr no sepulcro esta primeira Igreja de Santa Cândida na colônia de Santa Cândida.”

 

Pe. João Wislinski ainda relata:

 

Os trabalhos (de demolição) foram conduzidos pelo Sr. Matias Walecko, em substituição ao mestre de obras José Kowalczyk de Curitiba. Tudo levou um mês de trabalhos diários, terminaram na quarta-feira Santa, 21 de março. Ajudaram cerca de 100 famílias voluntárias. Os meninos de 12 a 15 anos ajudaram muito na limpeza dos tijolos e carregamento de entulhos. As despesas da demolição se elevaram a 768$500 (setecentos e sessenta e oito mil, quinhentos contos de réis): Matias Walecko, 24 dias …291$000; Francisco Walecko, 24 dias, 200$000; José Kulik, 25 dias, 222$000; Inácio Otto, 11 dias, 55$000.

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Primeira Igreja da Colônia Santa Cândida sendo demolida em fevereiro de 1940.

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Primeira Igreja da Colônia Santa Cândida sendo demolida em fevereiro de 1940.

Da antiga Igreja, foram recuperados 34 mil tijolos em bom estado e 5 mil de meio tijolo. Além disso, 70 m3 de pedra e 32 m3 de areia. Tudo isso serviu para a construção dos muros ao redor da Igreja e ampliação do cemitério. A venda das telhas e da madeira da antiga Igreja rendeu 1.028$300 (hum conto, 28 mil e trezentos réis).”

 

FONTE:

PARANÁ. Relatório do presidente Adolpho Lamenha Lins … 1877, p. 84-85.

FEDALTO. Pe. Pedro. A Arquidiocese de Curitiba na sua história. Curitiba, 1958, s/ed. p. 117.

DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, 10 jan. 1877.

WISLINSKI.  Pe. João. CRÔNICA DA PARÓQUIA DE SANTA CÂNDIDA – PARANÁ E DA CASA DOS PADRES da MISSÂO DO ANO DE 1932 – 1945. Tradução livre feita pelo Pe. Lourenço Biernaski, CM. Curitiba, 10 de dezembro de 2012.

DOM PEDRO II NA COLÔNIA SANTA CÂNDIDA – Texto Original em Polônes

DOM PEDRO II na Kandydzie i w Abranches

 

Stary Woś, zmarły przed laty, był najstarszym kolonistą na Kandydzie. Ile razy wspominał o przeszłości kolonii, tyle razy mawiał: Nigdy piękniejszego dnia nie zobaczę w mym źyciu ani w źyciu naszej kolonii, jak dzień 23 maja 1880 roku. W tym dni odwiedził nas ojciec narodu i narodow, cesarz Brazylii, D. Pedro II wraz z dostojną malżonką.

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Wielu ciekawych, którzy słyszeli gdy to mówił, zagadywali go zaraz i prosili by opowiedzial, jak odbyły cesarza na kolonii Kandydzie.

 

Stary, po krótkim namyśle, gdy westchnał, tak opowiadał:

 

Szczęśliwe oczy, które patrzały na to com widział. Dnia 21 maja, mniej więcej w pół do trzeciej, ujrzałem w niezliczonym tłumie na Alto da Glória wjeżdżaiącego w pięknej karecie cesarza z cesarzową. Okrzykom radości i  entuzjazmowi tłumu nie było miary. Wszystko co zyło, witało cesarza.

 

Wolni i niewolnicy, rodowici Brazylianie i nie dawno co przybyli obcokrajowcy, wydawali okrzyki powitania i cisnęli się do powozu najdostojniejszych gósci, by zobaczyć ukochane twarze monarchy i monarchini, sławnych dobroci serc.

 

Władze, korporacje,towarzystwa zblizały sie do cesarza z cesarzową, którzy wysiadłszy z karety na praca 19 de Dezembro, szli pieszo do środka miasta. Wszyscy składali im hołdy poddaństwa i największego szacunku.

 

Ale najpiękniej wyglądala grupa 21  biało ubranych dziewcząt więcej niź połowa polskich, z których każda miała w ręku chorągiewkę z nazwą kolonii, wypisaną wielkimi literami. Wymachiwały radośnie chorągiewkami i witały parę cesarską. Były to kolonie: Tomás Coelho, Lamenha, Riviere, Santo Inácio, Nowa Tyrol, Murici, Santa Cândida, Abranches, Orleans, Alfredo Chaves, Antonio Rebouças, Dona Augusta, Inspetor Carvalho, Venâncio, Zacarias, Argelina, Dom Pedro, Dantas, São João Batista,Dr. Araujo i Santa Felicidade.

 

D. Pedro II znany był ze swej nadzwyczajnej prostoty w obejściu, co zjednywało mu wielkie przywiazanie u poddadanych.

 

Na trzeci dzień, dnia 23 maja przed południem przybył cesarz z cesarzową powozem w otoczeniu dostojników do Kandydy. Na Barro Alto wystawili mu koloniści piękną bramę powitalną z napisami głoszącymi radość lojalność do kraju i monarchy.

Napisy były bardzo piękne. Wykonał je Anglik Frederico Fowler, który miał wielki sklep na Bacacheri w spółce z Anglikiem Felipe Tade.

 

Przed bramą powitała cesarza pięknie uformowana piesza bandeira polska, złożona z samych kolonistów, którym przewodził Andrzej Walecki.

 

Walecki, chłop przystojny,weteran z trzech wojen pruskich, ubrany w zieloną kurtkę, w zielonym kapeluszu, bo w kraju był dozorcą pruskich wyszedł z szeregu i przyklęknąwszy na jedną nogę, chciał przemówić do cesarza.

 

Ale cesarz, który wysiadł był już z powozu, dał mu znak, by nie klękał i przystąpiwszy doń powieedział: Nie klękaj przede mną, gdyż jestem takim samym człowiekiem jak ty.

 

Wiem, że w Europie klękają przed królami i cesarzami, ale to bałwochwalstwo. przed nikim nie powinno się klękać, jeno przed Bogiem.

 

Dawszy mu taką naukę, spojrzał na jego błyszczące medale i krzyże i rzekł: Widzę, że dzielny rycerz z ciebie.

 

Na to Walecki ośmielony mową cesarza, wygłosił niedługą orację w języku niemiecki, gdyż cesarz rozumiał po niemiecku a Waleki portugalsku mówił słabo.

 

Po przywitaniu i oddaniu przez kolonistów hucznej salwy z dubeltówek i jednorurek, które nieśli na ramionach,cesarz wsiadł do powozu i cały orszak ruszył w pochód ku  Kandydzie.

 

Koloniści pod komendą Waleckiego szli w piękni e sformowanych szeregach po obu stronach powozu. Cesarz, władze i cała komitywa jechały wraz z maszerującymi.

 

Pięknie szli koloniści, drobnym paradnym krokiem, jakim maszerują żołniere w Europie w czasie wielkich uroczystości. Wyuczył ich dobrze Walecki.

 

Co sto metrów mniej więcej na dany znak przez Waleckiego podnosili głośne Viva o imperador, viva a imperatriz! Viva o Brasil! i dawali salwy najpierw z jednej lufy dubeltówek, zaraz potem z jednorurek a kończyli znów tęgimi strzałami z drugiej lufy dubeltówek.

 

Pięknie był słyszeć i patrzeć, gdy to czynili, czego dowodem, że cesarz zadowolony ich sprawnościa i porządkiem za każda salwą wychylał głowe z powozu i dziękował kolonistom za dowód miłości i uwielbienia.

 

Tak idąc doszli do małej kapliczki przed Kandydą, oddalonej od kościoła jakich 400 metrów. Tu czekała na monarchę piękna procesja z chorągwiami urządzona przez proboszcza parafii. Z procesją było mnóstwo ludu, prawie wszystko co żyło na kolonii.

 

Cesarz z cesarzową wysiedli znów z powozu i odebrawszy hołdy od duchownej władzy kolonii, ruszyli pieszo aż do samego kościoła. A Walecki, nabijając ciągle broń palną, nie przestawał wiwatować ze swoimi aż pod same mury kościoła.

 

Takiej parady nigdy jeszcze w Kurytybie nie było.

 

Po wysłuchaniu nabożeństwa w kościele zaprosili koloniści cesarza na chleb i sól do najzamożniejszego z nich, do Franciszka Wosia.

 

Woś przyjal cesarza i cesarzową, czym chata bogata. Postawił na stół bochen dobrze upieczonego żytniego hleba, solniczkę ze solą a przy nich tłuszcz ziemi, ękatą faseczkę świeżego masła i gomułkę odstałego tłustego sera.

 

Cesarz spojrzał po stole i uśmiechając się zasiadł, by spróbować darów ziemi na nowej polskiej kolonii.

Posmarował kromkę chleba masłem, nałożył serem i przekąsiwszy kilka razy, zwrócił się do obecnych,którzy patrzali nań jak w słońce i rzekł:

 

Anim się spodziewał, żeby były taksmaczne. Takiego chleba i masła nawet w Rio de Janeiro nie jadłem. A co za wyborny serek!

 

Ucieszony Woś skłonił się cesarzowi i zapytał czyby nie spróbował piwa jego domowego wyrobu.

 

A przynieś! – powiedział cesarz.

 

Gdy mu nałano szklankę, kosztował i pochwalił, że wcale nie złe. Poczy zajaał dalej żytni chleb z masłem i serem, aż w końcu poprosił o kieliszek “paraty”.

 

Paraty? Co to jest? spojrzeli koloniści po sobie nie wiedząc co by to było.

 

Wybawił ich z zakłopotania pewien dygnitarz z komitywy cesarskiej, który wytłumaczył im, że paraty jest to samo co cacha;a czy wódka z trzciny cukrowej.

 

Podano natychmiast kieliszek wódki, który cesarz wychylił po spożyciu chleba z masłem i z serem.

 

Dobrześie się już zagospodarzyli, moi koloniści, rzekł cesarz do kolonistów, odwracając się od stołu. Niejeden miejski człowiek, gdyby skosztował waszego chleba i masła, zazdrościłby wam bytu.

 

A potem zwróciwszy się do Wosia, gospodarza domu, poprosił go by mu pokazał plony zebrane zeziemi przezeń uprawianej.

 

Uradowany Woś poprowadził natychmiast cesarza do stodoły. Była to przestronna szopa pełna snopów żyta,gdzie też były kukurydza, fiżon i inne produkty rolne.

 

Cesarz stanał przy snopkach, wyjał jeden kłos e snopa i potarłszy go w gafści, wyłuskał pękne, ciemne ziarna żyta,

 

A jak wy to wydobywacie z kłosów. Macie do tego niaszyny? zapytał cesarz.

Bardzo łatwo, Wasza Cesarska Mość, odpowiedział Woś. Skinął na kolonistów i ci oczyścili w mig miejsce w szopie. Rzucili cztery snopy na podłogę, porwali za cepy i wywijając i bijąc cepami, w kilka minut wyłuszyli sporą miarkę zarna z kłosów.

 

Gdy skończyli podał Woś cesarzowi garść wymłóconego żyta.

 

Pięknie! – zawołal cesarz. Ale jak je oczyszczacie z plewy?

 

Na to wział Woś przetak, nabrał sporo żyta i stanąwszy w miejscu, gdzie był przewiew powietrza, podniósł przetak wysoko w górę i potrząsając nim pod wiatr opuszczał ziarna w dół.

Ziarna spadały w dół a pewy odlatywały na boki unoszone powiewem powietrza. Tak sprawnie to czynił, że po dwukrotnym przewianiu podał cesarzowi w przetaku ziarna oczyszczone z plewy.

Doskonale! – pochwalił cesarz. Widzę, że jesteście przemyślni i potraficie radzić sobie we wszystkim.

 

Potem cesary oglądał jesycye to i owo, wzpztzwał o różne ryecyz, ale że dostojnicz, któryz go otacyali, naglili do powrotu, grożąc, że yybliża się desycy i burya, pożegnał kolonistów i odjechał do Kurztyby.

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Odtąd koloniści na Kandzdyie stali się najlepsyzmi młockaryami w Paranie. Co ciekawsye, że nailepiej młócą kobietz i dyiewcyęta. Gdz na kolonii zbiorą żyto, chodzą po zamożniejsyzch gospodaryach we czwórkę i kontraktują młóckę i odwiewanie, które wzkonują z wielką zręcynością, syzbko i dokładnie.

 

Cesary odwiedyił też kolonię Abranches. Jechał z cesaryową powoyem pryz asyście licynzch dzgnitaryz aż do São Lourenço.

 

W São Lourenço cyekała nań procesja kościelna z księdyem proboszczem na czele i delegacja najwybitniejszych obywateli y okolicy, jako też hufiec biało ubranzch dyiewcząt z kwiatami w kosyykach.

 

Cesarz wysiadł y powoyu i po pryzwitaniu i odebraniu hołdu, syedł piesyo wray y cesaryową, aż do kościoła w Abranches. Pryey całą drogę dziewczęta sypały mu kwiaty pod nogi a dobry monarcha tak samo przez całą drogę, z koszów które niesiono obok niego, rzucał garściami miedż i srebro między tłumz.

 

W kosciele wysłuchał Mszy św poczym bzł na cbiedzie u proboszcza. Po obiedyie rozniawiał z kolonistami i wypytawszy ich o wiele ryeczy, pozegnał wszystkich i odjechał do Kurytyby.

 

Takie to były czasy i takim był sławny monarcha nasy Dom Pedro II. Tak kończył opowiadanie stary Włtos i dodawał, że dyiś wszystko sie yepsuło, dobre cyasy na świat nie wrócą.

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FONTE:

PINIOR. Dom Pedro II, na Kandydzie  i w Abranches. Kalendarz Ludu. Curitiba, 1964, p. 84 a 88.

 

DOM PEDRO II NA COLÔNIA SANTA CÂNDIDA

DOM PEDRO II NA COLÔNIA SANTA CÂNDIDA

 

Em 1.880, a jovem província do Paraná, recebeu a visita de suas majestades, o imperador Dom Pedro II e a imperatriz Dona Theresa Christina. O motivo oficial da visita era o início dos trabalhos da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, presente do império à nascente província. Por outro lado, grande era o interesse pessoal do imperador para constatar “in loco” a situação em que se encontravam os “morigerados colonos polacos”, cuja fixação no Paraná ele próprio autorizara, em audiência mantida há apenas uma década, ao cognominado “pai da emigração polonesa ao Paraná” o agrimensor Sebastião Edmundo Woś Saporski.

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Ilustração de Rogério Borges

 

Rafael Karman, sob o pseudônimo de PINIOR, publicou no “Kalendarz Ludu” de 1964, artigo sob o título de “Dom Pedro II em Cândida e Abranches”. Esse artigo foi escrito baseado no depoimento oral do velho colono Francisco Woś, participante dos acontecimentos.

Assim Pinior redigiu a história da visita do imperador a colônia Santa Cândida:

“Felizes os olhos que viram aquilo que eu vi. No dia 21 de maio, mais ou menos pelas duas e meia da tarde, divisei do meio de uma incalculável multidão no Alto da Glória, a chegada do imperador e da imperatriz, numa bela carruagem. Os gritos de entusiasmo da multidão não tinham limite. Tudo que era vivo saudava o imperador. Livres e escravos, brasileiros natos e imigrantes há pouco chegados, proporcionavam entusiásticos vivas de acolhimento ao mesmo tempo em que se acotovelavam para poder ver o rosto do monarca e da imperatriz, afamados por sua bondade de coração.

Dirigentes das instituições e das sociedades aproximavam do imperador e da imperatriz. Estes desceram de sua carruagem na Praça 19 de dezembro e foram a pé até o centro da cidade. Todos prestavam-lhes honras merecidas. Porém o grupo mais belo eram as 21 moças vestidas de branco, mais da metade polonesas, que seguravam em suas mãos cartazes com o nome de sua respectiva colônia, escrito em grandes letras. Agitavam entusiasticamente estas bandeirinhas e saudavam o casal imperial. Eram estas as colônias: Tomás Coelho. Lamenha, Riviere, Santo Inácio, Nova Tirol, Murici. Santa Cândida, Abranches, Orleans, Alfredo Chaves, Antônio Rebouças, Dom Augusto, Inspetor Carvalho, Venâncio, Zacarias, Argelina, Dom Pedro, Dantes, São João Batista, Dr. Araújo e Santa Felicidade.

No terceiro dia, i. é., a 23 de maio de 1880, o imperador foi satisfazer sua curiosidade e constatar como viviam os colonos polacos radicados no rocio de Curitiba. Para tanto foi visitar a colônia Santa Cândida. No Bairro Alto, os colonos ergueram-lhes um belo arco, com dizeres alusivos ao país e ao monarca, de acordo com velhos e tradicionais costumes polacos. Os dizeres foram confeccionados pelo inglês Frederico Fowler, o qual possuía uma grande casa comercial no Bacacheri, em sociedade com outro inglês, Felipe Tade.

 

Defronte ao arco, o imperador foi saudado por uma formação bem organizada de camponeses, portando a bandeira polonesa. A recepção foi organizada por André Walecki, um digno camponês, veterano de três guerras prussianas. Estava o mesmo vestido com seu vistoso uniforme e um quepe verde, porque no país era inspetor nas florestas prussianas. Apresentava grande número de medalhas e condecorações no peito. Destacou-se dos demais e ajoelhando-se em uma das pernas, quis dialogar com o imperador. Porém este, que já havia descido do veículo, fez sinal para que não ficasse ajoelhado e aproximando-se, disse:

– Não se ajoelhe diante de mim, pois sou uma pessoa como você. Sei que na Europa é costume ajoelharem diante dos reis e imperadores, mas isto é idolatria. Não se deve ajoelhar perante ninguém, a não ser perante Deus.

Depois desta verdadeira aula, olhou para as suas reluzentes condecorações e disse:

– Vejo que é um brilhante cavaleiro.

Diante disso, Walecki, animado com as palavras do imperador, proferiu breves palavras de saudação em língua alemã, pois o imperador entendia a mesma e Walecki ainda não dominava suficientemente o português.

Em seguida os colonos proferiram vivas, detonando tiros de espingardas, as quais eram portadas nos ombros. O imperador retomou a carruagem e o cortejo movimentou-se em direção a Santa Cândida. Os colonos, comandados por Walecki escoltavam dos dois lados a carruagem. O imperador, os acompanhantes e toda a comitiva deslocavam-se junto com os colonos. Estes desenvolviam uma marcha rápida, harmônica como dos soldados na Europa, por ocasião dos grandes acontecimentos. Os colonos foram muito bem treinados por Walecki. Cada cem metros mais ou menos, a dado sinal, os colonos levantavam sonantes vivas:

 

– Viva o imperador, viva a Imperatriz! Viva o Brasil!

 

Em seguida davam salvas, inicialmente de um dos canos das armas duplas, em seguida das armas de um cano só e finalizavam com sonantes estampidos do outro cano das armas de cano duplo. Era belo ouvir e ver. Os colonos esmeravam-se e o imperador, satisfeito com a ordem da manifestação, inclinava a cabeça para fora da carruagem, após cada salva, e agradecia aos colonos a demonstração de carinho e veneração.

Desta maneira, chegaram até a pequena capela antes de Santa Cândida, afastada da igreja uns 400 metros. Neste local uma bela procissão aguardava o monarca com bandeirolas preparadas pelo vigário. Na procissão encontrava-se uma multidão de pessoas, praticamente todos os habitantes da colônia.

O imperador e a imperatriz desceram novamente da carruagem e receberam as honras do diretor espiritual da colônia. Em seguida, foram a pé até a igreja. Os vivas com as armas de fogo não cessavam de saudar os visitantes até a entrada da igreja. Tal parada nunca houvera até então, em Curitiba.

Após ouvirem a Santa Missa, os colonos convidaram o casal imperial para o pão e o sal, tradicional costume polonês para recepção de figuras ilustres e sinal de hospitalidade. A casa escolhida foi a do colono Francisco Woś. Este recepcionou o imperador e a imperatriz “tanto quanto a casa é rica”. Serviu à mesa broa de centeio bem preparada e assada, saleira com sal juntamente com banha da terra, manteigueira repleta de manteiga fresca e queijo feito de leite gordo.

O imperador olhou para a mesa e sorrindo assentou-se, a fim de experimentar as dádivas da terra, na nova colônia formada por polacos. Passou a manteiga num pedaço de pão cobriu-a com um pedaço de queijo e mastigando várias vezes, olhava para aqueles colonos que o contemplavam como se fosse o sol. Disse então:

– Não imaginava que fosse tão bom. Tal pão e manteiga nem no Rio de Janeiro comi e que queijo gostoso!

Motivado por tal atitude do imperador o anfitrião Woś curvou-se e perguntou se o imperador gostaria de experimentar da cerveja de sua própria fabricação.

– Traga – respondeu o imperador. Quando lhe encheram o copo, experimentou e elogiou-a, dizendo que não era má. Depois continuou comendo a broa de centeio com manteiga e queijo e finalmente pediu um cálice de parati.

– Parati? O que é isto?

Os colonos olharam-se, não sabendo do que se tratava até que um membro da comitiva imperial esclareceu que paraty era a mesma coisa que aguardente de cana-de-açúcar.  Foi então oferecido ao imperador um cálice de aguardente.

– Vocês já estão muito bem instalados meus caros colonos, disse-Ihes o imperador, afastando-se da mesa. Muitas pessoas da cidade, se experimentassem o vosso pão e manteiga haveriam de invejar-vos.

Em seguida solicitou o imperador ao anfitrião Woś, que lhe mostrasse os produtos plantados e colhidos por ele. Woś conduziu o imperador até o paiol mostrando-lhe feixes de centeio, espigas de milho, feijão e outros produtos agrícolas. O imperador parou diante dos feixes de centeio, tirou com as mãos uma espiga de um feixe e esfregou-a com as palmas das mãos, debulhando belos e escuros grãos de centeio. Perguntou o imperador:

– Como vocês os extraem das espigas? Possuem para isso alguma máquina?

– Muito fácil, majestade, respondeu Woś.

Fez sinal para os colonos e estes limparam num relance um lugar no paiol, jogaram quatro feixes no assoalho, pegando nos manguais e com evoluções e batidas rítmicas em poucos minutos separaram uma boa quantidade de grãos das espigas. Quando terminaram, o anfitrião apresentou um punhado de centeio malhado ao imperador.

– Maravilhoso. disse o imperador, mas como vocês limpam o debulho?

Diante disso, Woś tomou uma peneira. Encheu-a de debulho de centeio, deslocando-se para um lugar onde havia corrente de ar. Levantando a peneira para o alto e para baixo, em movimentos rápidos e alternados, fez com que o vento levasse a sujeira para fora da peneira, enquanto os grãos caiam novamente na mesma. Com tanta eficiência fez isto, que com alguns desses movimentos apresentou ao imperador na peneira os grãos limpos do debulho.

– Perfeito — elogiou o imperador. Vejo que vocês são engenhosos e sabem resolver seus problemas.

Em seguida o imperador ainda se interessou por outras coisas, fazendo uma série de perguntas, quando os seus assessores o chamavam para a volta, argumentando que se aproximava uma tempestade. Despediu-se então o imperador dos colonos e retornou a Curitiba.”

 

Em Santa Cândida os colonos tornaram-se os melhores malhadores do Paraná. É interessantes que os melhores malhadores são as mulheres e moças. Quando na colônia recolhia-se o centeio para os celeiros, estas iam em grupos de quatro procurar os proprietários, geralmente os mais abastados, e contratavam a malhação e a limpeza do centeio.

TRADUTOR: NÃO IDENTIFICADO NOS TEXTOS EXAMINADOS.

 

 

FONTE:

PINIOR. Dom Pedro II, na Kandydzie  i w Abranches. Kalendarz Ludu. Curitiba, 1964, p. 84 a 88.

BOLETIM do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfco Paranaense. Volume XIII. Curitiba, 1971, p. 74 a 81.

BOLETIM do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfco Paranaense. Volume XXVII. Curitiba, 1975.

BOLETIM.  Informativo da Casa Romário Martins. Santa Cândida, pioneira da colonização linista. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, ano 2, n. 16, dez. 1975.

 

 

Imigração e Desenvolvimento da Família Spisla – Por Marcos Spisila

Resumo – Este artigo apresenta uma síntese dos eventos ocorridos na região da Silésia e que
culminaram na emigração, de uma parcela de sua população, para as terras brasileiras; os
sobrenomes existentes na época, seus significados e pronúncias, os quais foram herdados e são
utilizados, até hoje, pelos descendentes brasileiros; a língua falada pelos silesianos e que permanece
viva na memória de alguns moradores. O artigo faz menção da atual localização geográfica da região
de origem de muitas famílias do bairro de Santa Cândida e também cita as dificuldades e esperanças
depositadas na nova terra e finaliza levantando a árvore genealógica da família Spisla, uma dentre
tantas, que vieram atrás de novas oportunidades, em uma terra totalmente desconhecida.

Para download do artigo completo clique no botão Download. 

 

 

 

Padre Leon Niebieszczański – Imagens

Imagens do Padre Leon Niebieszczański

Continuando o post anterior sobre o Tiroteio na casa paroquial com Padre Leon Niebieszczański (clique aqui para acessar o post anterior), segue duas imagens do ilustre padre.

Padre Leon Niebieszczański

Padre Leon Niebieszczański

 

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Tiroteio na casa paroquial com Padre Leon Niebieszczański. 1915.

Tiroteio na casa paroquial com Padre Leon Niebieszczański. 1915.

Padre Leon Niebieszczański – “bom e agradável como mel, mas Deus o livre, quando ficava irritado, parecia um leão”!

 

Tiroteio na casa paroquial

Ilustração de Rogério Borges

O Pe. Leon Niebieszczański chegou ao Brasil em 1896. Foi o primeiro padre a fixar residência na Colônia Santa Cândida. Lá contribuiu para a construção da casa paroquial, a ampliação da capela e a vinda das Irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Maria para assumirem a educação na escola da colônia.

Antes de se estabelecer na Santa Cândida, trabalhou na paróquia do Abranches, onde, em 1906, entrou em atrito com alguns políticos e paroquianos. Em uma noite, sob o pretexto de levar o padre para um doente, levaram-no para um matagal, onde lhe deram uma grande surra, deixando-o todo ensanguentado. Como consequência, ficou surdo de um dos ouvidos, por causa disso foi transferido para Santa Cândida.

O Pe. Leon era zeloso, dedicado, hospitaleiro e de opinião. Nos sermões do domingo, não perdoava os pecadores públicos que viviam impenitentes, e do alto do púlpito, citava os seus nomes.

Em 1915, na Festa de Nossa Senhora da Luz, levado pelo entusiasmado oratório, censurou nominalmente alguns casais polacos que viviam sem o casamento religioso. Seu sermão provocou um grupo de pessoas.

Em outra noite, usando o mesmo pretexto, bateram à porta da casa paroquial. A cozinheira Agnieska foi até a porta para atender, mas antes de abri-la, perguntou de que se tratava. Ao ouvir a resposta e o nome da pessoa doente, estranhou e disse:

– Isso é mentira, pois estive com ela nessa manhã e ela estava bem!

– Oh, sim! Mas ficou ruim de repente.

Ouviam-se uns cochichos, sinal de que havia mais gente. A coisa poderia ter terminado nisso, mas o Pe. Niebieszczański, escutando a conversa, levantou-se e, sem abrir a porta, perguntou do que se tratava. “Doente, doente!” O padre disse que sem uma ou duas pessoas da Comissão Paroquial não iria abrir. Irritados, eles gritavam: “Vai atender a doente ou não?” E começaram a atirar. Duas balas atingiram as costas e o braço do padre. A cozinheira arrastou-o a outro quarto para se protegerem, pegou o revólver do padre, subiu no sótão, abriu a telha e começou a atirar e a gritar, pedindo socorro. Na escola das Irmãs, as velas se acenderam, os vizinhos gritaram: “Estamos chegando.” Os assaltantes começaram a se retirar. A corajosa cozinheira queria ir à escola das Irmãs para procurar curativo para o padre, também estava ferida com uma ou duas balas, mas sem gravidade. Socorreram o padre como puderam, principalmente a Irmã Gabriela, que atendia os doentes. Chamaram o médico ainda naquela noite, mas ele chegou apenas de madrugada. Fez os primeiros curativos e nos outros dias foi dando assistência mais completa até curar definitivamente o padre. A cozinheira também foi assistida pelo médico.

Pensando que iria morrer, o Pe. Leon pediu por outro padre e disse que perdoava aos criminosos. O Pe. Dejewski veio de madrugada atendê-lo e dar a Unção dos Enfermos.

Ao raiar do dia, foram encontrados um revólver no chão e um chapéu, o que ajudou a polícia a descobrir um dos participantes, pois o cachorro policial levou o chapéu à casa do dono.

Infelizmente, o processo terminou em nada, devido ao influente líder polonês, muito anticlerical, Kazimierz Warchalowski, proprietário e redator do Jornal “Polak w Brazylii”. No nº 73 desse jornal, consta a narração do assalto.

Depois de recuperar a saúde, o Pe. Leon desistiu de trabalhar na Santa Cândida e foi trabalhar junto à Igreja de Santo Estanislau. No dia primeiro de março de 1918, faleceu na casa paroquial da Igreja de São Estanislau, em Curitiba, e foi sepultado no Cemitério Municipal de Curitiba. O Pe. Wojciech Sojka, ao lembrar esse sacerdote, escreveu: “O Pe. Niebieszczański foi um dos melhores sacerdotes poloneses no Paraná, um homem de fama irrepreensível. Mas era prejudicado pelo temperamento.”

 

Revisão Ortográfica: Alvaro Posselt

 

FONTE:

Arquivo da Paróquia Santa Cândida – Arquivo dos Padres Vicentinos

A Arquidiocese de Curitiba na sua História, redação Pe. Pedro Fedalto, Curitiba 1958, p. 117 a 120.

Malczewski, Zdzislaw. Solicitude não apenas com os patrícios: missionários poloneses no Brasil /Zdzislaw Malczewski; tradução Mariano Kawka. Curitiba: Vicentina, 2001, p.157 e 158.

 

29 de Agosto, Comemoração do Dia de Santa Cândida

29 de agosto é o dia em que celebramos o aniversário de morte de Santa Cândida. Sabemos que essa santa foi martirizada nos primeiros tempos do cristianismo durante as perseguições dos imperadores romanos. Por volta de 817 a 824 seu corpo foi transferido pelo Papa Pascoal I das catacumbas para a igreja de Santa Praxedes em Roma. Nesse local seu nome está numa inscrição junto com o de outros mártires ali sepultados.

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Foto tirada em 1956 – Imagem entalhada em cedro doada por Dom Pedro II em 1877.

Essa santa serviu de inspiração para nomear a primeira colônia estabelecida as margens da estrada da Graciosa dentro da filosofia “linista”. Os colonos, em sua maioria polacos, receberam a imagem da santa em 06 de janeiro de 1877. A imagem barroca entalhada em cedro foi doada por Dom Pedro II que a adquiriu em Lisboa, Portugal.

Essa santa do inicio do cristianismo tem sido amada, festejada e venerada pela comunidade local. Dois hinos foram compostos em sua homenagem e duas orações são a ela dedicadas. Suas festas sempre foram antecedidas de intensa programação religiosa as quais ninguém faltava.

Nas crônicas do Pe. Joao Wislinski, ha um relato bastante interessante sobre a festa da padroeira Santa Cândida de agosto de 1944. Naqueles dias a colônia amargava uma forte seca. Os poços estavam secos, os pastos queimados e o gado morrendo de fome e sede.  Alem dessa desgraça local, o mundo amargava o 5º ano da II Guerra Mundial.  Assim não houve música, nem baile, mas uma intensa celebração espiritual. No domingo, dia 27 de agosto, a missa das 10 horas, com sermão e adoração do Santíssimo Sacramento prolongou-se ate às três horas da tarde, hora que começava a novena. Assim a comunidade passou o domingo em oração. Na noite de 28 para 29 de agosto, quase que de repende, o céu da colônia cobriu-se de nuvens, trovejou e choveu por toda a noite, parando somente no dia seguinte. Ninguém lamentou a falta de festa externa. O povo sentiu-se feliz pela chuva, agradecendo a Deus e a Santa Cândida por atenderem as suas suplicas.